
ONU envia 90 caminhões com ajuda para Gaza

A ONU enviou na quarta-feira à noite o equivalente a 90 caminhões de ajuda humanitária para distribuição entre a população da Faixa de Gaza, que enfrenta há mais de dois meses e meio um bloqueio total por parte de Israel.
Cada vez mais pressionado pela comunidade internacional para interromper a guerra e facilitar a entrada de ajuda humanitária em larga escala, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na quarta-feira que estava disposto a concordar com um cessar-fogo temporário.
No início da semana, o chefe de Governo de Israel declarou que, "por razões diplomáticas", o país permitiria a entrada de ajuda no território cercado, após um bloqueio total de mais de dois meses e meio que ameaçava provocar um cenário de fome.
Na quarta-feira à noite, "as Nações Unidas recolheram cerca de 90 caminhões carregados na passagem de fronteira de Kerem Shalom e os enviaram à Faixa de Gaza", anunciou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da organização.
Desde segunda-feira, Israel havia anunciado a entrada no território palestino de quase 200 caminhões carregados com farinha, comida para bebês e material médico. A ONU denunciou, no entanto, que os suprimentos haviam ficado na passagem fronteiriça e não haviam sido distribuídos entre a população.
O escritório de comunicação do governo de Gaza, liderado pelo movimento islamista Hamas, confirmou a chegada de 87 caminhões de ajuda, que foram entregues a organizações internacionais e locais para atender às "necessidades humanitárias urgentes".
Apesar deste avanço, a ONU alertou que o volume de ajuda enviado é "uma gota de água no oceano" de necessidades dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza que, antes da guerra, recebiam diariamente quase 500 caminhões de suprimentos.
- Cessar-fogo temporário? -
Após quase dois meses de trégua, o Exército israelense retomou em meados de março a ofensiva contra Gaza e assumiu o controle de amplas faixas do território devastado pela guerra.
O governo israelense anunciou no início de maio um plano para a "conquista" de Gaza que exige o deslocamento interno da "maioria" de seus 2,4 milhões de habitantes.
Desde sábado, o Exército realiza uma ofensiva de larga escala no enclave, com o suposto objetivo de libertar os reféns que permanecem em cativeiro e eliminar o Hamas.
Mas "se houver uma opção para um cessar-fogo temporário, para libertar os reféns, estaremos prontos", declarou Netanyahu na quarta-feira.
Ao mesmo tempo, ele reiterou que "toda a Faixa de Gaza" estará sob o controle do Exército israelense ao final da ofensiva em curso.
As críticas internacionais a Israel devido à operação aumentaram na quarta-feira, após um incidente na Cisjordânia em que soldados israelenses abriram fogo durante uma visita de diplomatas a Jenin.
O Exército israelense explicou que eram "disparos de advertência" porque a comitiva "entrou em uma zona onde não estava autorizada a estar". ONU, União Europeia, China, Canadá e outros países denunciaram o incidente e exigiram explicações.
A guerra começou em 7 de outubro de 2023 com o ataque sem precedentes do Hamas contra o sul de Israel. A ofensiva matou 1.218 pessoas e 251 foram sequestradas, segundo dados israelenses.
A campanha de represália israelense contra Gaza causou pelo menos 53.655 mortes no estreito território palestino, segundo os dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, que a ONU considera confiáveis.
H.Robin--PS