
Museu holandês se desfaz de bronzes do Benin para devolvê-los à Nigéria

Um funcionário de um museu holandês retira cuidadosamente um "bronze do Benin", saqueado na atual Nigéria há mais de 120 anos, e o coloca em uma almofada antes de embrulhá-lo em dezenas de camadas de papel.
A máscara de bronze está sendo removida de seu local de exibição nesta terça-feira (20) em um museu em Leiden, nos Países Baixos para ser devolvida ao seu proprietário.
O Wereldmuseum (Museu Mundial) devolverá 113 dessas esculturas antigas, em um contexto de crescente pressão sobre os governos e instituições ocidentais para que devolvam os bens roubados durante os períodos de opressão colonial.
"Essas esculturas foram obtidas de forma violenta e devem ser devolvidas para casa", disse Marieke van Bommel, 50 anos, diretora do museu, à AFP.
A história dos Bronzes do Benin é trágica e violenta.
Em 1897, nove oficiais britânicos foram mortos durante uma missão comercial no Reino de Benin (então independente, localizado no sul da atual Nigéria).
Londres lançou uma sangrenta expedição punitiva de vingança. Os militares mataram milhares de habitantes e incendiaram a capital de Benin. Eles também saquearam o palácio real e roubaram centenas de obras de arte, inclusive bronzes.
A maioria delas, que inclui esculturas e placas de latão ornamentadas, foi usada para financiar a expedição e foi leiloada ou vendida para museus na Europa e nos Estados Unidos.
Mais de cem anos depois, a Nigéria ainda está negociando sua restituição, com resultados variados.
Os Países Baixos concordaram em devolver um total de 119 artefatos, incluindo seis de Roterdã. A Alemanha também começou a devolver os que havia retido.
O Museu Britânico de Londres, por outro lado, recusa-se a devolver parte de sua famosa coleção, citando uma lei de 1963 que impede o museu de devolver esses tesouros.
A diretora do Wereldmuseum, Marieke van Bommel, espera que o exemplo holandês seja seguido em todo o mundo.
"Acho que todos concordamos que essa coleção não tem lugar nos museus europeus. Esperamos que outros países sigam o exemplo", disse ela.
O ex-presidente nigeriano Muhamadu Buhari declarou em 2023 que as obras restituídas seriam entregues ao Oba, o chefe tradicional da região, e não ao Estado nigeriano.
Também há planos de construir um museu em Benin City, no sul do estado de Edo, onde os bronzes serão exibidos.
E.Roger--PS