América Latina na Apec, dividida entre EUA e abertura para a Ásia
Em meio à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, México, Chile e Peru enfrentarão esta semana, na cúpula da Apec na Coreia do Sul, o risco de irritar seu vizinho norte-americano ao tentarem ampliar sua abertura para a Ásia.
O fórum da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) reúne 21 países membros, incluindo as três nações latino-americanas, na cidade de Gyeongju até sábado (2). O único chefe de Estado da região presente será Gabriel Boric, do Chile.
O desafio é significativo: desde que retornou à Casa Branca em janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou uma ofensiva protecionista por meio de tarifas que impactaram seus parceiros comerciais.
Isso levou vários países do restante das Américas a voltarem seus olhares para o outro lado do Pacífico, especialmente para a China, a segunda maior economia do mundo e um de seus maiores financiadores de megaprojetos de infraestrutura.
"Toda relação que os Estados Unidos negligenciam ou alteram em relação ao que tinham antes (...) pode ser aproveitada pela China, e ela pode fazê-lo a partir desses espaços, como a reunião da Apec", explicou à AFP Diego Marroquín, pesquisador do Centro de Estudos Internacionais em Washington.
A situação é tensa, em meio a uma guerra tarifária entre as duas potências que atingiu aumentos de três dígitos e agora está parcialmente contida por uma trégua frágil.
Trump se reunirá com seu homólogo chinês, Xi Jinping, na quinta-feira, na Coreia do Sul, para discutir um acordo que impeça uma escalada ainda maior.
- O desafio de México, Peru e Chile -
O México chega a Gyeongju com uma agenda dominada por sua relação com os Estados Unidos: migração, segurança de fronteiras, tráfico de drogas e a revisão do T-MEC, o tratado comercial que compartilham com o Canadá.
"O Canadá, como membro da Apec, e o México, como membro da Apec, usarão esses fóruns (...) para fortalecer seus laços comerciais com países que não sejam os Estados Unidos", declarou Marroquín.
O Peru, que presidiu a Apec no ano passado e sediou a cúpula anterior, participa desta edição em meio ao recente impeachment da ex-presidente Dina Boluarte. Este será o primeiro teste internacional para o novo governo do presidente José Jerí, especialmente em relação à China.
Enquanto isso, o presidente chileno Boric chegará à Coreia do Sul na quinta-feira e poderá negociar sua agenda para a transição energética e a inovação tecnológica, tema central da cúpula deste ano.
O presidente de esquerda criticou as políticas comerciais de Trump e fortaleceu os laços com a China, para onde viajou em maio para assinar acordos estratégicos com Xi Jinping. Uma reunião bilateral entre Seul e Santiago também está agendada para sexta-feira.
D.Petit--PS