
Putin diz a Xi que relações Rússia-China estão em nível 'sem precedentes'

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira (2) ao homólogo da China, Xi Jinping, que as relações entre os dois países estão em um "nível sem precedentes", durante uma reunião bilateral em Pequim.
Depois de participar da reunião de cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX) no domingo e segunda-feira, convocada por Xi, Putin acompanhará na quarta-feira um grande desfile militar na capital chinesa, ao lado de vários líderes mundiais, entre eles o norte-coreano Kim Jong Un.
"Nossa comunicação estreita reflete a natureza estratégica das relações entre Rússia e China, que atualmente estão em um nível sem precedentes", afirmou Putin a Xi em declarações transmitidas ao vivo.
Em uma menção à cooperação entre os dois países durante a guerra, acrescentou: "Sempre estivemos juntos antes, e permanecemos juntos agora".
Xi organizou uma série de reuniões diplomáticas esta semana, por ocasião da cúpula da OCX na cidade portuária de Tianjin (norte), para promover uma governança mundial alternativa.
China e Rússia citam a OCX, que representa quase metade da população mundial e 23,5% do PIB do planeta, como uma alternativa à Otan.
O desfile militar de quarta-feira celebrará 80 anos do final da Segunda Guerra Mundial e contará com a presença de mais de 20 líderes mundiais.
- Críticas ao Ocidente -
Xi e Putin criticaram os governos ocidentais durante a cúpula de OCX. O presidente chinês atacou duramente o "comportamento intimidatório" de alguns, em uma referência velada aos Estados Unidos. O chefe de Estado russo defendeu a ofensiva de seu país na Ucrânia e culpou o Ocidente por provocar o conflito que começou há três anos e meio e deixou dezenas de milhares de mortos.
"As relações entre China e Rússia resistiram ao teste das mudanças internacionais", disse Xi a Putin nesta terça-feira. Ele afirmou que Pequim está disposta a colaborar com Moscou para "promover a construção de um sistema de governança global mais justo e razoável".
Moscou e Pequim declararam uma "parceria sem limites" pouco antes de Putin ordenar a ofensiva russa contra a Ucrânia em fevereiro de 2022. Desde então, a ampliação dos laços militares e comerciais entre os dois países preocupa o Ocidente.
A China não condenou a guerra da Rússia, nem pediu a retirada das tropas. Muitos aliados da Ucrânia acreditam que Pequim presta apoio a Moscou.
A China insiste que é neutra, pede com frequência o fim dos combates e acusa os países ocidentais de prolongar o conflito com o fornecimento de armas à Ucrânia.
Xi e Putin mantêm contato frequente e, no mês passado, tiveram uma conversa telefônica na qual o líder chinês disse que estava satisfeito em ver que Moscou e Washington estavam melhorando suas relações.
Em maio, Xi visitou Moscou para participar das celebrações de 9 de maio na Rússia, data que comemora a vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial.
Z.Garcia--PS