
Perto da frente de batalha, reunião entre Trump e Putin não traz esperança

Há dez meses, quando Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos, Viacheslav, um soldado ucraniano na frente de batalha, esperava que o mandatário republicano ajudasse a pôr fim rapidamente à invasão russa da Ucrânia.
Mas hoje, "já não há esperança, mas há alguma expectativa", afirma à AFP o soldado de 36 anos na região oriental de Donetsk, objetivo principal do Kremlin e epicentro dos combates.
Donald Trump, que antes de retornar à Casa Branca declarou que poderia pôr fim a três anos de guerra em "24 horas", se reunirá dentro de alguns dias no Alasca com o presidente russo, Vladimir Putin, para conversar sobre o conflito.
Está previsto que esta cúpula seja realizada na sexta-feira (15) sem o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, despertando temores de que se chegue a um acordo pelo qual a Ucrânia tenha que ceder território à Rússia.
Para Dmitro, outro soldado ucraniano, essa possibilidade "não mudará nada".
"Dará à Rússia uma oportunidade para se reagrupar e não cometer novamente os erros do início de 2022", considerou também na região de Donetsk este jovem de 22 anos, em referência aos primeiros meses da guerra, iniciada em fevereiro daquele ano.
As tropas russas avançaram rapidamente no início da invasão, mas perderam grande parte de suas conquistas ao enfrentar a forte resistência ucraniana.
"Entendemos que não poderemos recuperar o que perdemos, mas lutaremos por cada pedaço de nossa terra, por nosso futuro", acrescentou Dmitro.
- "Não acredito neles" -
A Ucrânia e a Rússia já realizaram várias rodadas de negociações na Turquia este ano, sem sucesso.
As tropas russas continuam avançando, a Ucrânia se recusou a ceder território nas negociações e Zelensky afirma que a comunidade internacional deve pressionar o Kremlin com sanções para que ponha fim à invasão.
"Vemos que o Exército russo não está se preparando para terminar a guerra. Pelo contrário, estão fazendo movimentos que indicam preparativos para novas operações ofensivas", escreveu o presidente ucraniano nas redes sociais nesta terça-feira.
Em Kiev, Oleksiy Vadovichenko, um morador da capital de 38 anos, explica que não tem esperança de nenhum resultado significativo da reunião no Alasca.
"Já houve conversas mais que suficientes e nem uma única vez houve resultados notáveis", disse à AFP.
Natalia, originária de Pokrovsk, cidade do leste da Ucrânia que as tropas russas tentam cercar, declarou que não tem fé nem nos líderes americanos, nem nos russos.
"Simplesmente não acredito neles, nem em um, nem no outro, nem no fascista russo, nem no Trump. É só isso", explica esta aposentada de 65 anos.
Valentin, um morador de Kiev que se recusou a divulgar seu sobrenome, repetiu uma crença comum na Ucrânia de que, mesmo que Trump consiga uma pausa, Putin acabará perseguindo seus objetivos maximalistas de capturar todo o país e reiniciará o conflito depois de reconstituir seu Exército.
"Mesmo que haja paz, será temporária. Em outras palavras, em um ano ou dois ou três, haverá outro ataque", declarou à AFP.
afptv-bur-brw-jbr/cad/phz/hgs/mb/dd/mvv
L.Lefevre--PS