
Mediadores tentam desbloquear negociações por trégua em Gaza

Os mediadores tentaram, nesta segunda-feira (14), superar as divergências entre Israel e o Hamas para desbloquear as negociações em busca de uma trégua na Faixa de Gaza, onde os bombardeios israelenses mataram mais de 20 pessoas.
As duas partes em conflito se acusam mutuamente de obstruir as conversas indiretas iniciadas em 6 de julho em Doha, nas quais Catar, Egito e Estados Unidos atuam como mediadores.
O objetivo é alcançar uma trégua que aponte uma saída para mais de 21 meses de conflito e a libertação dos reféns israelenses mantidos em cativeiro em Gaza.
A Defesa Civil anunciou que os bombardeios israelenses mataram 22 pessoas nesta segunda-feira na Cidade de Gaza, no norte do território, e em Khan Yunis, no sul.
"Os mediadores estão se empenhando ativamente em explorar mecanismos inovadores para ajudar a superar as divergências restantes e manter a dinâmica das negociações", afirmou à AFP um funcionário a par das discussões.
As conversas em andamento se concentram, entre outros temas, nos "planos propostos de remobilização das forças israelenses dentro de Gaza", segundo ele.
O Hamas acusou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de obstruir um acordo. "Netanyahu é especialista em descarrilar uma rodada de negociações após outra e se recusa a concluir um acordo de cessar-fogo", afirmou o movimento islamista.
No sábado, duas fontes palestinas disseram à AFP que as conversas estavam estagnadas por causa de uma proposta israelense de manter tropas no território.
O Hamas, que governa Gaza desde 2007, sempre rejeitou essa possibilidade e exige garantias de que o cessar-fogo será permanente e de que Israel se retirará do território.
Por sua vez, Netanyahu reiterou nos últimos dias os objetivos da guerra: libertar todos os reféns, desarmar o Hamas e expulsar o movimento de Gaza.
- "Não há trégua" -
"Não há trégua com eles [Israel]. Cada gota de sangue será vingada e nossa vingança não se extinguirá nem com o tempo, nem com os deslocamentos, nem com a morte", declarou à AFP com a voz embargada Belal Al Adluni, que perdeu o irmão, a cunhada e três sobrinhos em um ataque contra sua barraca em Khan Yunis.
Segundo o porta-voz da Defesa Civil, Mahmud Basal, 10 palestinos morreram na Cidade de Gaza e 12 em Khan Yunis.
O Exército israelense, questionado pela AFP, não comentou essa informação, mas afirmou ter destruído "infraestruturas terroristas" utilizadas na Cidade de Gaza pelo Hamas e pela Jihad Islâmica.
Dadas as restrições impostas por Israel à imprensa e as dificuldades de acesso ao terreno, a AFP não está em condições de verificar de forma independente as alegações das diferentes partes.
- "Aglomerar" os moradores de Gaza -
A guerra foi desencadeada em 7 de outubro de 2023, quando combatentes islamistas atacaram o sul de Israel e mataram 1.219 pessoas, na maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Os milicianos também sequestraram 251 pessoas, das quais 49 continuam em cativeiro em Gaza, entre elas 27 que estariam mortas, segundo o Exército israelense.
Pelo menos 58.386 palestinos, em sua maioria civis, morreram na campanha de retaliação israelense em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.
Essa ofensiva permitiu ao Exército israelense tomar amplas áreas de Gaza. No sábado, uma fonte palestina declarou que o Hamas rejeitava "totalmente" o plano israelense de manter suas forças "em mais de 40%" de Gaza.
Segundo essa fonte, o objetivo de Israel é "aglomerar centenas de milhares de deslocados em uma parte do oeste de Rafah, em preparação para um deslocamento forçado da população ao Egito ou a outros países".
Em resposta, um funcionário israelense acusou o Hamas de "sabotar as negociações".
N.Lucas--PS