
Tesla concede US$ 29 bi em ações a Musk em meio a processo judicial

A fabricante de veículos elétricos Tesla concedeu, nesta segunda-feira (4), 96 milhões de ações da empresa a Elon Musk por um valor aproximado de 29 bilhões de dólares (cerca de R$ 160 bilhões, na cotação atual), enquanto prossegue a batalha judicial em torno de sua compensação.
Musk obteve aprovação para comprar 96 milhões de ações da empresa a um preço de 23,34 dólares (R$ 129), o mesmo valor do momento da adoção de seu plano de compensação em 2018, indicou a companhia em um documento apresentado ao regulador do mercado de ações dos Estados Unidos nesta segunda-feira.
As ações da Tesla fecharam na sexta-feira a 302,60 dólares (R$ 1.677) na bolsa de Nova York, situando este pacote provisório no valor aproximado de 29 bilhões de dólares.
A empresa afirmou que "tem a intenção de compensar seu diretor-executivo por seus futuros serviços, de forma proporcional a suas contribuições" à empresa e aos acionistas.
"Recomendamos esta indenização como um primeiro passo, um pagamento de 'boa-fé'", acrescentou, ao anunciar a aprovação do conselho de administração para conceder as novas ações a Musk.
A remuneração do magnata é objeto de uma batalha judicial há anos.
Um plano de compensação validado pelos acionistas em 2018 previa que Musk recebesse ações da Tesla como resultado de uma série de objetivos ao longo de 10 anos.
No momento de sua adoção, o pacote era avaliado em cerca de 56 bilhões de dólares (cerca de R$ 217 bilhões, em cotação da época). Mas uma juíza de Delaware, a pedido de um acionista, anulou-o em janeiro de 2024, por considerar que os acionistas haviam recebido informações "errôneas" e "enganosas" antes da assembleia em que o plano foi aprovado.
Mas a disputa continuou. Em junho de 2024, o plano foi novamente validado pelos acionistas da Tesla e, em dezembro do mesmo ano, a Justiça de Delaware voltou a rejeitá-lo.
- "Reter" Musk -
A empresa, que entrou com um recurso, criou uma comissão especial encarregada de avaliar o caso.
"A comissão especial e o conselho de administração deliberaram cuidadosamente sobre a decisão de outorgar esta recompensa provisória em um contexto marcado pela guerra de talentos em inteligência artificial, cada vez mais intensa, e pela posição crítica da Tesla em um ponto de inflexão crucial", argumentou a companhia na rede X, nesta segunda-feira.
Segundo a Tesla, "a remuneração de Elon Musk continua em um vácuo legal apesar de duas votações diferentes dos acionistas que a apoiaram amplamente", e a empresa não possui um "cronograma claro" para a resolução, visto que está aguardando não apenas um veredicto, mas "uma data de audiência" na Suprema Corte de Delaware.
"Reter Elon é mais importante do que nunca", acrescentou a fabricante de carros elétricos, que pretende "tomar medidas para cumprir o acordo alcançado em 2018".
Líder no setor por muito tempo, a empresa enfrenta dificuldades há vários meses. No fim de julho, a companhia anunciou a queda de 16% de seus lucros no segundo trimestre devido à redução das vendas de veículos em um contexto de crescimento da concorrência.
Em uma conferência após os resultados, Musk alertou sobre mais trimestres potencialmente "difíceis" antes que as iniciativas de robótica e inteligência artificial da companhia dessem resultados.
O magnata reiterou sua preocupação com a situação atual, na qual possui cerca de 13% das ações da Tesla, antes da concessão desta segunda-feira.
"Como já mencionei, acho que meu controle sobre a Tesla deveria ser suficiente para garantir que ela segue no caminho certo, mas não tanto controle a ponto de não poder ser expulso se eu enlouquecer", disse Musk.
O envolvimento na política do bilionário, que colaborou com o governo do presidente Donald Trump, também impactou as vendas.
L.Leduc--PS