
Espanhola Carla Simón apresenta seu 'Romería' em competição em Cannes

A espanhola Carla Simón estreou nesta quarta-feira (21) em Cannes "Romería", na briga pela Palma de Ouro, em uma competição onde alguns favoritos começam a aparecer.
Com "Romería", a diretora catalã encerra sua trilogia sobre a memória familiar, uma saga alimentada por suas próprias experiências.
O filme conta a história de Marina, uma menina de 18 anos que viaja à Galícia para conhecer os parentes de seu pai, que morreu vítima da aids quando ela era criança. Com a ajuda do diário de sua mãe, que também morreu vítima da mesma doença, ela segue os passos de seus progenitores e tenta entender a relação que tiveram.
"Estou muito emocionada. Nunca se sabe, quando são temas tão próximos a ti, como as pessoas vão receber", disse a cineasta após a projeção, que foi aplaudida durante 10 minutos.
Carla Simón, de 38 anos e que está no final da gravidez, é a segunda diretora espanhola a concorrer ao principal prêmio em Cannes, depois de Isabel Coixet em 2009 com "Mapa dos Sons de Tóquio".
A catalã fez história em 2022 ao conquistar o Urso de Ouro com seu segundo filme, "Alcarràs", no Festival de Berlim, quando também estava grávida.
Seu primeiro filme, "Verão 1993", retratou sua história familiar ao contar como uma criança de seis anos tem que ir viver com seus tios após a morte de seus pais.
Nesta edição, ela coincide na competição com outro cineasta espanhol, Oliver Laxe, que na semana passada apresentou “Sirât”, um “road movie” ambientado no deserto com música techno ao fundo.
- Assange -
Mais dois filmes serão apresentados em competição nesta terça-feira.
"The History of Sound", do sul-africano Oliver Hermanus, protagonizado por Paul Mescal e Josh O'Connor, mostra a relação entre dois homens em uma área rural dos Estados Unidos na época em que a Europa era palco da Primeira Guerra Mundial.
O norueguês Joachim Trier, de 51 anos, comparece a Cannes pela terceira vez. "Sentimental Values", com Elle Fanning e Renate Reinsve, mostra como o cineasta tenta refazer seus laços com suas filhas.
No total, 22 longas-metragens disputam a Palma de Ouro, sete deles dirigidos por mulheres, o mesmo número recorde de 2023.
À medida que a competição se aproxima do fim, que anunciará a premiação no sábado, alguns filmes são destacados como favoritos pela crítica, como o brasileiro "O Agente Secreto", de Kleber Mendonça Filho, sobre um professor (interpretado por Wagner Moura) que foge de seu passado durante os anos de ditadura.
O ucraniano "Two Prosecutors", de Sergei Loznitsa, sobre os crimes stalinistas, também está entre os mais elogiados. "Um Simples Acidente", do cineasta dissidente iraniano Jafar Panahi, é outro filme bastante elogiado.
Nesta quarta-feira, Cannes também receberá um convidado especial, o fundador do Wikileaks Julian Assange, para promover um documentário do qual é protagonista, "The Six Billion Dollar Man", de Eugene Jarecki.
O filme mostra a vida do famoso ativista australiano, que passou 14 anos recluso entre a embaixada do Equador em Londres e uma penitenciária na capital britânica.
I.Masson--PS