
Onda de calor continua no sul da Europa, onde autoridades pedem que população se proteja

De Veneza a Lisboa, passando por Sevilha ou Bordeaux, as cidades do sul da Europa registraram mais um dia de temperaturas elevadas neste domingo (29), com o pedido das autoridades para que a população se proteja nesta onda de calor precoce.
São aguardados picos de até 43°C em várias partes da Espanha e de Portugal, enquanto na França, praticamente todo o território registrará temperaturas altas até meados da próxima semana.
No sábado, a Espanha bateu um recorde - ainda não confirmado - desde o início dos registros: os termômetros marcaram 46ºC em Granado, Andaluzia, superando a máxima de 45,2ºC registrada em Sevilha em junho de 1965, de acordo com a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet).
Na Itália, 21 cidades estão em alerta máximo devido ao calor extremo, incluindo Milão, Nápoles, Veneza, Florença e a capital, Roma.
"Deveríamos visitar o Coliseu, mas minha mãe quase desmaiou", relatou Anna Becker, uma turista britânica que viajou para a Cidade Eterna.
Várias ambulâncias se posicionaram perto das áreas turísticas, prontas para qualquer emergência, e muitas regiões emitiram alertas de incêndio.
Os serviços de emergências dos hospitais italianos registraram um aumento dos casos de insolação, disse Mario Guarino, vice-presidente da Sociedade Italiana de Medicina de Urgências.
"Observamos um aumento de cerca de 10%, sobretudo em cidades que não apenas têm temperaturas muito altas, mas também uma taxa de umidade mais elevada. São principalmente os idosos, pacientes com câncer ou pessoas sem-teto que apresentam desidratação, insolação e fadiga", afirmou Guarino à AFP.
Os especialistas alertam que as ondas de calor se tornarão mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas.
- "Refúgios climáticos" -
Diante dos riscos para a saúde, alguns hospitais decidiram criar formas para acelerar os tratamentos para insolação, como a imersão em água fria, disse Guarino.
Em Veneza, as autoridades ofereceram visitas guiadas gratuitas a museus e prédios públicos climatizados para pessoas com mais de 75 anos.
Bolonha criou sete "refúgios climáticos" com ar-condicionado e água potável, e Ancona distribui desumidificadores para os mais vulneráveis. Em Roma, as piscinas municipais serão gratuitas para pessoas com mais de 70 anos.
Os cientistas afirmam que as ondas de calor se tornam mais intensas nas cidades, onde ocorrem os fenômenos conhecidos como "domo de calor urbanos", que provocam o aumento das temperaturas.
"As ondas de calor na região mediterrânea se tornaram mais frequentes e intensas nos últimos anos, com picos de 37º C ou mais nas cidades, onde o efeito da ilha de calor urbano eleva ainda mais as temperaturas", afirmou Emanuela Piervitali, pesquisadora do Instituto Italiano de Proteção e Pesquisa Ambiental (ISPRA).
"No futuro, espera-se que as temperaturas e os extremos térmicos aumentem ainda mais, portanto, teremos que nos acostumar com picos de temperatura ainda mais altos do que os atuais", disse ela à AFP.
Na Espanha, várias regiões, sobretudo no sul, sudoeste e nordeste, permaneciam em alerta laranja neste domingo, o segundo mais perigoso, e muitos pontos poderiam voltar a ultrapassar os 40ºC.
"Muita cautela com as altas temperaturas: este é um fenômeno meteorológico adverso, que representa um risco para pessoas expostas e/ou vulneráveis", alertou a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet) em sua conta no X.
- Aves em risco -
Em Portugal, várias áreas na região sul do país, incluindo a capital, Lisboa, permanecerão em alerta vermelho até a noite de segunda-feira, devido à possível "persistência de valores de temperatura máxima extremamente altos", de acordo com o site do IPMA, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
"Aconselhamos as pessoas a se refrescarem, mas ainda tivemos casos de insolação e queimaduras", disse a farmacêutica Sofia Monnteiro à AFPTV.
"A onda de calor está especialmente forte este ano. É difícil de suportar, paramos muitas vezes, bebemos, assim temos a chance de tomar um drinque, uma boa cerveja! É uma boa desculpa", disse o biólogo francês Cédric Gérard, um turista em visita a Lisboa.
Dois terços de Portugal estavam em alerta máximo no domingo devido ao calor extremo e aos incêndios florestais, assim como a ilha italiana da Sicília, onde bombeiros combateram 15 incêndios no sábado.
Na França, especialistas alertaram que o calor também está afetando gravemente a biodiversidade.
"Com este calor sufocante, a temperatura pode superar os 40°C em alguns ninhos", advertiu à AFP Allain Bougrain-Dubourg, presidente da Liga para a Proteção das Aves (LPO).
"Estamos recebendo aves em risco em todos os lugares; nossos sete centros de atendimento estão saturados", disse ele.
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H.Robin--PS